APRENDENDO A AMAR
Aprender a amar parece uma contradição. Sabemos que o amor de
Deus foi derramado em nosso coração, portanto, o amor já está em nós.
Sabemos também que quem não ama o seu irmão está em trevas e
não conhece a Deus. Portanto, só pode aprender a amar aquele que ainda não ama
e, se não ama, nem é nascido de Deus. Sendo assim, é incoerente ensinar um
filho de Deus a amar.
O amor entre nós é algo espontâneo. Quando nascemos, não
precisamos aprender a amar nossa mãe ou nossos irmãos, isso é algo instintivo e
natural. A mesma coisa acontece com nossos irmãos espirituais: há um vínculo
espiritual entre nós que faz com que nos amemos espontaneamente.
O que significa, então, aprender a amar? o amor está em nós,
mas não sabemos como expressá-lo apropriadamente. É como o pássaro: o voo já
está nele, é da sua natureza, mas ainda assim, terá de aprender a voar.
Aprender a amar é, na verdade, aprender a expressar
o amor que já está em nós.
Nesse tempo vamos praticar algumas sugestões para expressar
amor em nossas vidas.
1. TENHA REVELAÇÃO
QUE VOCÊ É AMADO POR DEUS
Ora, a esperança não
confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado. Romanos 5:5.
O amor de Deus já está dentro de nós. Ele é a fonte, nós temos
apenas que manter a canalização desimpedida. A grande tragédia na vida de
muitos irmãos é que ainda não tiveram a experiência e a revelação de que são
amados.
O amor de Deus por você não pode ser uma mera afirmação
teológica, deve ser uma sólida sensação interior no espírito. Muitos vivem
lembrando os próprios erros e se martirizando. Isso é a escravidão da acusação
do maligno.
2. APRENDA A
COLOCAR-SE NO LUGAR DOS OUTROS
A característica mais marcante do amor é a sua capacidade de
entrar na pele do outro e ver o mundo como ele vê. Isso é chamado de empatia.
“Porque, se amardes os que
vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”
(Mateus 5.46-44).
Quem não percebe a sua própria maldade está sempre pronto a
julgar e condenar o próximo. Quando temos espelho em casa, podemos mais
facilmente tolerar as falhas dos outros. Aquele que se acha bom está sempre
pronto para julgar e condenar. Quem não consegue enxergar a própria maldade
não pode ajudar o próximo. A verdadeira humildade é simplesmente reconhecer
que é orgulhoso. A verdadeira santidade começa quando reconhecemos que somos
pecadores.
Esta é uma grande obra do poder de Deus: reconhecermos na Sua
luz o que é a nossa carne. Um dia
memorável em nossa vida é aquele quando descobrimos que não somos melhores do
que ninguém e que, em certas circunstâncias, somos capazes das coisas mais
terríveis, como qualquer pessoa.
3. REJEITE A
HIPOCRISIA RELIGIOSA
Não precisamos ter aquela sinceridade cortante, mas também
não devemos nos esconder atrás de uma hipocrisia educada.
Um dia um homem estava ministrando em um acampamento, e ficou
um pedaço de alface sobre um dos meus dentes. Ficou ali muito tempo e ninguém
me disse nada. Certamente estavam se extasiando com aquela situação, mas quando
minha esposa viu, imediatamente me alertou daquela cena tão cômica.
Aquela pessoa que nos ama terá a coragem de nos dizer a
verdade. Outros nos deixarão com alface nos dentes. Todos percebem a nossa
vaidade, arrogância ou qualquer outro defeito, mas quantos se dispõem a nos
advertir?
4. APRENDA A
CONFIAR
A Palavra de Deus diz que o amor tudo crê (I Coríntios 13.7).
Quem ama acredita e se dispõe a pensar o melhor. Quem ama é benigno e sempre
escolhe ver o outro de maneira positiva. Pessoas desconfiadas estão pensando
nas motivações que estão por trás de cada gesto ou palavra. Por que existem
tantas pessoas desconfiadas?
Alguns são desconfiados porque foram muito decepcionados.
Outros convivem apenas com pessoas perversas. Mas a maioria se acha inteligente
e, no conceito delas, confiar é sinônimo de estupidez. A causa mais comum da
desconfiança é o medo de se passar por tolo. O problema da desconfiança é que
ela destrói a espontaneidade. Quanto mais desconfiamos dos outros mais nos reprimimos
com receio de que outros também desconfiem de nossas motivações. A desconfiança
destrói a verdadeira comunhão na vida da igreja. A desconfiança destrói
casamentos. A desconfiança destrói relacionamentos. Sem confiança jamais
conseguiremos edificar a igreja.
O desconfiado não é confiável. A suposição que você faz do
outro é baseada em si mesmo. Veja o exemplo de Caim, ele temia ser morto por
alguém
Eis que hoje me lanças
da face da terra, e da tua presença hei de esconder- me; serei fugitivo e
errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará. (Genesis 4.14), mas
não havia assassinos na Terra a não ser ele próprio. Ele presumia pensamentos
homicidas em outros porque ele mesmo os tinha.
Foi feita uma pesquisa com pessoas com grau de confiança mais
alto que as demais e descobriu-se que:
Pessoas que confiam possuem uma inteligência acima da média;
Elas são mais felizes que as pessoas céticas; Elas são mais confiáveis que
outras.
5. SAIA DA SUA ZONA
DE SEGURANÇA
O medo de rejeição é o grande impedimento para expressarmos
amor pelos irmãos. Abandone esse medo. Saia de sua zona de segurança.
Livre-se da ideia de que todos devem gostar de você sempre, só
assim você se livrará do medo da rejeição. Por traz dessa idéia existe um ego
enorme dizendo: “Como é possível alguém não gostar de uma pessoa tão
maravilhosa quanto eu?”. É isso aí. Você não é essa maravilha toda e, se tem
alguns que gostam da gente, já deveríamos ficar contentes.
É um fato da vida que todas as pessoas que conhecem você se
divide em cïnco grupos: 20% são indiferentes a você; 20% gostam de você;
20% gostam de você, mas podem deixar de gostar por alguma razão; 20% não gostam
de você, mas podem vir a gostar se houver uma razão; 20% simplesmente não
gostam de você.
Penso que essa é uma distribuição bem justa. Diante disso,
fica a seguinte sugestão: dê ao outro o direito de lhe dizer “não”. Amar é dar
ao outro o direito de dizer “não”. Poucas coisas nos deixam tão irritados
quanto uma negativa. Muitas pessoas cogitam seriamente encerrar uma amizade só
porque ouviram um “não”. Pessoas assim não amam; elas constróem ao próprio
derredor uma parede que acaba afastando as outras pessoas. Ter de dizer “sim”
sempre é um tipo de manipulação, e ninguém suporta.
6. LIBERE O PERDÃO
LIVREMENTE
O perdão deve estar no centro de nossa vida cristã. É inevitável.
Você será magoado em algum momento. Alguém vai feri-lo, contrariá-lo,
prejudicá-lo. Alguém vai quebrar seu vaso de estimação. Você terá que dizer:
“Eu o perdoo, irmão!”. E sabe o que mais? Ele talvez faça tudo novamente. Quem
sabe setenta vezes sete.
Porque fomos livremente perdoados, liberamos também
graciosamente o perdão sobre os outros. Não guardamos ressentimentos, mesmo
que justificáveis, tampouco esperamos o arrependimento do outro para só então
perdoá-lo.
Esse princípio é fácil de ser observado. Se eu quebro um vaso
precioso e você me perdoa, você sai perdendo e eu saio livre. Suponha que eu
estrague a sua reputação. Para me perdoar você deve aceitar as consequências do
meu pecado e deixar que eu fique livre. Todo homem que perdoa paga um preço
enorme, o preço do mal que ele perdoou.
Nada nos torna mais
parecidos com Jesus do que o perdão. Perdoar é se tornar
parecido com Deus. O perdão não é desse mundo, ele desceu para a Terra no dia
em que Deus se fez gente lá em Belém.
7. DÊ PRESENTES AOS
IRMÃOS
A maior expressão do amor é a dádiva. Deus amou o mundo, por isso Ele deu o Seu filho unigénito João
3.16. A graça e o amor de Deus se expressam por meio de um presente eterno. A
salvação é um dom de Deus (Efésios 2.8). Dom significa presente. O pecado exige
um pagamento, mas a vida eterna é um presente de Deus Romanos 6.23.
O amor não é amor até que seja dado de presente. Até o amor se
expressar, ele é apenas um conceito bonito, uma poesia, uma abstração
celestial. Mas, no momento em que ele é dado, ali acontece a materialização
visível do coração de Deus.
Presentear deve ser um estilo de vida. Nossa ambição é que
você sinta tanto prazer em fazê-lo que transforme esse gesto em um hábito, um
hobby, um santo vício.
A Palavra do Senhor diz que “mais bem aventurada coisa é dar
do que receber” (Atos 20.35). Experimente o prazer de dar cor e alegria ao dia
de alguém que você considera e ama. Presentear é a arte de fazer alguém feliz.
Por isso não prenda o seu conceito de presente a algo para ser embrulhado.
Preparar o prato preferido de alguém é algo soberbo. Experimente convidar o
irmão para comer o que ele jamais provou. É delicioso ver o semblante de
encantamento.
Jesus disse: quando
deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te
convidem e sejas recompensado. (Lucas 14.12).
8. COMA COM OS
IRMÃOS
Poucos percebem que, comer juntos, é um dos grandes fatores de
crescimento de uma igreja. Sabemos que as igrejas que mais crescem são
justamente aquelas em que os membros se convidam mais frequentemente para
comer juntos.
Qual foi a última vez que você convidou um membro de sua
célula para compartilhar de uma gostosa refeição com você? E qual a última vez
que você foi convidado? É quase certo que haverá uma correlação entre a sua
resposta e o crescimento da sua célula.
Alguém disse com muita propriedade que o amor passa pelo
estômago. Quando comemos juntos, estabelecemos mais rapidamente vínculos de
amor e comunhão. O comer é algo que está presente em toda a Palavra de Deus.
Quando Deus fez aliança com Seu povo, estabeleceu uma refeição
comunitária, a Páscoa (Exodo 24.11). O ministério de Jesus começou em um
casamento, transformando água em vinho. Ele multiplicou pães e certamente os
comeu com a multidão; até se convidou, certa vez, para jantar na casa de Zaqueu
(Lucas 19-5).
Quando Jesus quis estabelecer uma forma de nos lembrarmos dEle
e reafirmarmos a Sua aliança, Ele estabeleceu uma refeição simbólica que
chamamos de Ceia do Senhor. Nos dias da Igreja primitiva, a ceia era chamada de
Festa do Ágape, ou seja, a ceia era vista como de fato é, os irmãos sentados à
mesa para desfrutar do amor fraternal, enquanto saboreiam o pão e o vinho.
O Livro de Atos diz que os primeiros cristãos “partiam pão de
casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração”
(Atos 2.46). Não podemos viver a vida da Igreja como Deus planejou, sem grandes
e frequentes refeições comunitárias.
A história dos filhos de Deus termina em um grande jantar,
servido nos átrios celestiais.